terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luiza Possi faz show ao ar livre em João Pessoa

Luiza Possi será a atração do Som das 6, nesta sexta, dia 10 de dezembro, no Ponto Cem Réis.
LUIZA POSSI
BONS VENTOS SEMPRE CHEGAM

Desde sempre o vento é mensageiro. Levou os poemas de amor do louco Majnun na lenda persa,  faz cantigas no alto do coqueiral em Caymmi, balança a rede sem ninguém dentro no poema de Paulo Leminski.  Nesse novo trabalho de Luiza Possi o vento inspira canções e traz o seu próprio recado. Ela assina seis das treze faixas  do cd “Bons Ventos Sempre Chegam”.

Luiza Possi nasceu em berço forjado por cultura e arte e saiu aos seus não só no talento como na busca por um caminho pessoal, uma marca particular. Jovem veterana de palcos e coxias ela agora se firma no ofício da composição e traz com assumido acento autobiográfico sua vida nas canções. Ela se mostra sentimental, delicada, decidida, menina, mulher. Faz homenagem e referencia as suas musas: a música (com a linda “Cantar” de Godofredo Guedes) e a mãe (com “Minha Mãe”, uma mistura de ciranda e samba de roda, mas tudo sempre pop). E as duas conversam e se completam. Luiza também escolheu seu repertório entre os contemporâneos e firmou parceria com Dudu Falcão, um nome que já é referência de qualidade na canção popular. Foram mais de 15 músicas em 6 meses, uma parceria frutífera que acabou dando a partida no processo de fazer o novo disco. 

Juntos, Luiza e Dudu Falcão assinam 5 canções e numa delas, “Paisagem”, dividem o estúdio. Luiza ao piano e Dudu ao violão num belo arranjo algo romântico, barroco e de muito bom gosto para esses dois instrumentos e um naipe de cordas. Na letra, referências à efemeridade da vida e dos amores.  Uma boa parceria  é coisa preciosa. 

E temos outros pilares fundamentais para a sua mais perfeita tradução: Max Viana dentro do estúdio, na produção, nas guitarras, velho amigo e cúmplice de geração; o talentosíssimo Sacha Amback nos arranjos, teclados e na escolha de repertório – foi ele quem trouxe Mylene com sua “Pipoca Contemporânea” e uma inédita de Moska, “Agora Já é Tarde”- certamente um compositor importante pra Luiza. Samuel Rosa e Chico Amaral mandaram de presente “Ao Meu Redor” que tem uma deliciosa pegada Roberto/Erasmo.
Lula Queiroga, o pernambucano letrado, inventivo, parceiro de Lenine entre outros feras, assina “Pode me Dar”, uma ponte aérea melancólica mas com levada de guitarra, bateria e harmônica com carinha de Steve Wonder. 

Chico César entra com uma versão feita especialmente pra Luiza para “Vou Adiante”, de Lokua Kanza. Uma canção linda que conta com Marcos Suzano na percussão e com violão e voz de Lokua. Chique é pouco. Não é por acaso que ela abre o disco com um vento tão bom, a letra é a cara de Luiza e de seu momento artístico e pessoal.

Luiza diz que começou a compor ainda muito menina e que foi por um baião apreciado pelos colegas de escola que começou a cantar. Muito bem formada, toca piano, compõe ao violão e se aventura sozinha nas letras depois de ter experimentado textos que já saíam com melodia. É só dela, por exemplo, “Queixo Caído”, uma boa balada com pegada pop de onde saiu a frase que dá nome ao disco: “Bons Ventos Sempre Chegam”.

E são os ventos da liberdade que sopram na sua direção nesse momento. Ela fala do que é puro e sincero e eu me lembro de Lulu Santos cantando Tempos Modernos. Taí a vida melhor do futuro. Taí a nova ordem dentro do que é fazer música hoje. São tantas as possibilidades e já não dá mais pra enganar ninguém. Luiza faz a diferença e deixa sua marca justamente porque aposta nisso.  Na sua história. 

Esse grande país de cantoras continua dando flor, cada vez mais bonitas e interessantes. E o vento traz esse cheiro bom.

Por Patricia Palumbo

Nenhum comentário:

Postar um comentário