sábado, 11 de junho de 2011

Educação: resignação ou indignação – Por Raoni Mendes

Cresci ouvindo que o Brasil é o país do futuro, e por muitas vezes já me perguntei: “Que futuro é este?”. Em minha caminhada, cada vez mais percebo que só temos o hoje, que o ontem já passou e o amanhã não existe. A partir disso precisamos alimentar nossa esperança em um mundo melhor e em uma sociedade mais justa. Situações que ocorrerão caso nossas ações estejam voltadas, essencialmente, para um foco: a educação.

Falar sobre educação, infelizmente, está sendo tratado como um discurso clichê, atribuído a todos os políticos, nas três esferas administrativas brasileiras. Digo infelizmente porque a banalização desse tema pode levá-lo ao descrédito. À medida em que os brasileiros se desiludem com a atividade política, particularmente a parlamentar, onde atuo, inúmeras são as demandas sociais que vão sendo colocadas como bravatas de pessoas pouco confiáveis, de índole duvidosa e de interesses escusos. Mas cabe a nós, políticos, agirmos de maneira a justificar a fé das pessoas nas nossas ações e condutas.

Em um país como o Brasil, em desenvolvimento, a Educação tem que ser vista por um outro prisma, deve ser avaliada como sustentáculo para todas as atividades produtivas que serão naturalmente demandadas com nosso crescimento. Educação não pode ser acessório, deve ser corpo básico de uma política desenvolvimentista e sustentável.

Na política atual de Educação, começamos equivocadamente distribuídos: a responsabilidade pela educação fundamental é dos municípios, pelo ensino básico os estados são responsáveis e o governo federal só entra nessa conta no ensino superior. Os números nos mostram que ensino fundamental é o que agrega o maior número de pessoas e o superior, a menor parcela da população, mas ironicamente as realidades econômicas dos municípios e do governo federal é inversamente proporcional. Não podemos seguir em um modelo onde quem tem mais recursos é responsável por um número menor de pessoas, enquanto o mais vulnerável dos entes federativos, leia-se municípios, é responsável pela maior parcela da população.

Creio que com a inversão desse modelo, a Educação em tempo integral, inegável ferramenta de desenvolvimento, possa ser uma realidade ainda mais presente. Nós acompanhamos a batalha pela qual passam os municípios para implementar essa modalidade escolar em suas jurisdições. Não seria difícil pensar, ainda, que as nossas crianças disporiam de uma escola muito mais estruturada e, como conseqüência, teriam desenvoltura inegável quando ocupassem suas bancas na universidade.

Na semana passada, tivemos acesso ao desabafo da professora Amanda Gurgel, no vizinho Rio Grande do Norte. A professora trouxe à tona realidades repetidas em todos os estados da nação, onde apesar de gestores comprometidos com a transformação das realidades através da educação, administrativamente, não há viabilidade econômica nessas ações.

Independente disso, nossa proposta e trabalho tem se pautado nessas questões, nesses debates. A bandeira da Educação não pode simplesmente tornar-se guarda chuva para campanhas eleitorais ou discursos inflamados, porém estéreis, nas casas legislativas. Educação deve ser entendida como saída viável para males sociais presentes em João Pessoa, na Paraíba e no Brasil, deve ser vista como elemento de transformação social capaz, inclusive, de transformar o presente em um futuro próspero, igualitário e digno para todos nós. Pois como disse Darcy Ribeiro: “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca!”.

Texto do Vereador Raoni Mendes (PDT)
Acesse o site: http://www.raonimendes.com.br/

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