segunda-feira, 23 de maio de 2011

POR QUE O MOVIMENTO 'FORA CHICO' NÃO SE IDENTIFICA?

Nos últimos dias surgiu no universo virtual o email forachicocesar@gmail.com assinado por alguém  que utiliza o pseudônimo "Osama" em referência ao terrorista Bin Laden, com a proposta de apertar o botão da bomba chamada 'cultura da Paraíba'.  O anônimo não só questiona como faz denúncia com relação a postura do atual secretário de cultura, Chico César, e principalmente sobre qual é a política de cultural que o governo tem para o estado. Osama se mostra antenado com  as questões culturais e diz que prefere não se identificar argumentando que é uma forma de garantir sua integridade física. Acho isso estranho. Afinal, em que tempo estamos vivendo onde uma pessoa que me pareceu profundo conhecedor do assunto precisa se "camuflar" para dizer o que pensa? Para você entender melhor, após o meu texto incial segue alguns dos emails do Movimento Fora Chico César - MFCC e também da Secretaria de Cultura - SECULT.


Eu e algumas outras pessoas poucas que de forma direta ou indireta são envolvidas com a cultura, fomos colocadas na lista de recepção dos tais emails de 'Osama' na tentativa de abrir um debate sobre a política cultural do estado. 

Aproveito a situação para fazer um desabafo: mesmo entendendo os argumentos do nobre 'Osama' resisto debater dessa forma,  por um único motivo: não vou corroborar com o  clima de suspense que está instalado no estado, de monitoramento constante na tentativa de cessar a liberdade de expressão de qualquer indivíduo. 
Certa vez um amigo jornalista* a quem eu tenho muito carinho e respeito, postou publicamente que colocou cadeado no twitter porque há uma tropa de elite a serviço do governo monitorando pra ver quem fala mal de A ou B pra continuar a babação.  Que que isso minha gente. Coisa mais feia! Ora, nenhum governo e nem ninguém tem esse direito. O  pensar é a nossa própria identidade. A maior conquista do ser humano é a liberdade de ser e de manisfestar seus pensamentos. 

Trazendo para o campo pessoal, por exemplo, volto a dizer: quando sou convidada para desempenhar alguma tarefa no campo da comunicação ou cultura, sempre procuro contribuir com todo meu empenho e dedicação, procurando não perder a ética e fidelidade até o último instante. Sempre fui uma técnica e não uma cabo eleitoral. Sempre deixo bem claro: não dou consultoria de graça para nenhum governo. Não sou filiada a nenhum partido. Não sou escoteira de nenhum político. E minhas ideias e minha mão de obra de  trabalho tem preço, e assim eu vivo há quase 20 anos aqui em João Pessoa, pagando minhas contas, mantendo a integridade e andando de cabeça erguida. Nunca esquecí de agradecer do fundo do meu coração a gratidão que tenho a cada um dos meus amigos que reconhecem  e acreditam no meu trabalho e por isso me ajudaram nessa caminhada, abrindo portas e oportunidades sem precisar negociar minha ideologia e liberdade de ir e vir. Portanto, se eu tiver algum  débito/favor são com alguns amigos. E quem quiser que ouse atirar a primeira pedra.

Voltando ao assunto incicial, com relação ao movimento Fora Chico - digo que sou contra a saída dele da secretaria.  Ainda boto fé que ele seja capaz de engrenar o que ainda tá parado. Talvez, se Chico tiver uma equipe que verdadeiramente contribua, ele vai conseguir efetivar uma política cultural para o estado inteiro que não seja feita só de sazonais shows musicais. Eu nunca torço pelo pior. 

Assina: Edileide Vilaça 
*a pedido foi retirado o nome

Como forma de contribuir com a reflexão sugerida pelo movimento criado por "Osama', segue abaixo um resumo desse 'muído' com algumas mensagens enviadas por emails de ambos os lados, inclusive o material que foi disponibilizado pela assessoria da Secult, respeitando a ordem de envio:

  
---------- Original Message -----------------------------------------------------------------------------------------------
> From: fora chico <forachicocesar@gmail.com>
> Sent: Mon, 16 May 2011 14:56:39 -0300
> Subject: Chico César e o Orçamento Democrático

>
> > Bom dia a todas as pessoas que se preocupam de fato com a cultura paraibana.
> >  
> > Enquanto o governador Ricardo e seus secretários (menos um) passam o fim de semana viajando para implementar o Orçamento Democrático da Paraíba em Monteiro (dia 13 de maio) e em Patos (dia 14 demaio) .... (vejam anexo 1)
> >  
> > O secretário de cultura do Estado, senhor Chico César, viajava para Belo Horizonte (MG), onde cumpria sua agenda pessoal de shows. (vejam anexo 2). Parece que Chico também faltou na caravana do Orçamento que foi para Cajazeiras.
> >  
> > Reparem que estes shows não estão na sua agenda oficial para maio (vejam alguns dados de sua agenda oficial no anexo 3).
> >  
> > Perguntas que não querem calar:
> >  
> > 1)      Chico César é um secretário privilegiado? [WINDOWS-1252?]
> [WINDOWS-1252?]> 2)      Será que por causa de tantos shows Chico César, passados mais de 130 dias de seu mandato, não consegue elaborar uma política cultural para o Estado? Não venham me dizer que a tal da “Fogueira da Cultura”, anunciada por ele no Conexão Arapuan para maio e junho, é um política cultural? É apenas um evento que sequer começou.
> > 3)      Por que Chico César não divulga sua agenda oficial completa? Em sua agenda oficial de shows só temos 4 apresentações em maio (em dias úteis). Por que não divulgou estas de Belo Horizonte?
> > 4)      Até quando?
> >  
> > Atenciosamente,
> > Osama (fundador do MFCC- Movimento Fora Chico César)


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De: Pedro Santos (Imprensa/Secult-PB) secultpb@gmail.com


data:18 de maio de 2011 12:20
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA
RESUMO DAS AÇÕES
1. Reabertura da Casa de Cultura de Guarabira, importante espaço de organização e promoção do movimento artístico e cultural local; http://anterior.paraiba.pb.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=37746&Itemid=2
 2. Criação das Regionais Culturais e nomeação de seus articuladores, responsáveis por representar a Secult nas doze regiões, facilitando o diálogo e as articulações entre o movimento cultural e o poder público;
 3. Audiências e reuniões com representantes dos movimentos artísticos e culturais dos municípios de Guarabira, Cajazeiras, Sousa, Patos, Campina Grande e Monteiro, com a finalidade de conhecer o contexto da cultura nas regiões do Estado;
 4. Criação do projeto de revitalização do Cine São José, em Campina Grande, em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba e representantes do movimento artístico-cultural local;
 
5. Criação do Grupo de Trabalho sobre o Plano de Aceleração do Crescimento destinado às cidades históricas, com a finalidade de implantar equipamentos culturais na comunidade do Porto do Capim;
 6. Início do mapeamento cultural, com vistas na criação do Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais. Primeira etapa: inventário institucional (dados sobre secretárias e gestores municipais, equipamentos disponíveis para práticas culturais, etc.);
 7. Retomada do Festival de Artes de Areia, em fase de pré-produção, no qual será incluído o Encontro da Teia-PB, reunindo os Pontos de Cultura da Paraíba.
 8. Realização do Seminário “Paraíba e Políticas Públicas de Cultura para Desenvolvimento Sustentável”, nas doze Regionais Culturais, durante os meses de maio e junho, com a finalidade de buscar a adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Cultura.
 9. Realização do Programa de Capacitação da Equipe Técnica, destinado aos articuladores, gerentes operacionais e executivos da Secult.
 10.  Pagamento do FIC 2008 e reformulação do edital, atendendo demanda do movimento artístico-cultural. A dívida com os projetos contemplados passava de R$ 600 mil.
 11.  Nomeação do novo regente da OSPB, o músico João Linhares, primeiro paraibano a assumir o cargo de regente titular da Orquestra.
 12.  Realização do projeto “Fogueiras da Cultura”, que em parceria com o Banco do Nordeste e a Associação Balaio Nordeste circulará as doze regionais culturais com grupos da cultura popular.

-- Pedro Santos
Assessor de Imprensa
Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba
(83) 8857-2458
(83) 3218-4167

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de: fora chico forachicocesar@gmail.com
 data23 de maio de 2011 09:54

Bom dia estimadas pessoas.

Dia 16 de maio fiz uma denúncia anônima (portanto, há uma semana). Denúncia, segundo o Houaiss, é “declaração ou comunicação a respeito de algo que se mantinha secreto. Indício que manifesta fato ou aspecto que permanecia escondido”. Mas que fato se mantinha secreto? Há de perguntar meu nobre leitor. Respondo: os shows de Chico César em Belo Horizonte no dia 14 de maio. E os outros shows? Não eram secretos. Estavam em seu site no UOL: dia 29/04 (sexta-feira); dias 05 (quinta), 06 (sexta), 18 (quarta) e 19 (quinta). Porém, denotavam algo, a nosso ver, imoral: o secretário diz na mídia que acordou com o governador que sua agenda de shows seria apenas em dias de sábado e domingo (finais de semana. Ora, Osama, sexta é final de semana. Pare com isso. OK meus estimados. Mas, quarta e quinta é fim de semana?). Enquanto isso, os secretários do governo da Paraíba viajavam pelo Estado participando das plenárias do Orçamento Democrático. Perguntei: todos os secretários são iguais perante a lei, ou melhor, perante o governador? Ou o da secult é privilegiado? Por que os outros secretários não podem faltar seus expedientes para cuidar de sua agenda pessoal? Já pensou se esta onda pega?
Para quem não acredita em denúncia anônima, leia o que saiu na edição do Jornal da Paraíba, no dia 18 de maio: “O processo administrativo, que levou ao cancelamento do contrato, foi instaurado após uma denúncia anônima que teria sido encaminhada ...” (Agra exonera gari e cancela o contrato suspeito da Emlur, caderno de Política, Paraíba, quata-feira, 18 de maio de 2011). Ora, a denúncia que fiz não surtiu efeito, mesmo sendo encaminhada para a senhora Lins da chefia da casa civil do governo do Estado. Por que será? O denunciante da Emlur era um fantasma?
Respostas obtidas: Palhaço! Frouxo! Covarde! Fantasma! Alma! Só debato olho no olho! Vá tomar chope! Vá namorar! Vá ler um livro! Nos deixe em paz! Deixe Chico em paz! Chico não bate ponto! Deixe Chico fazer seus shows em dias úteis, a secult não tem problemas pra resolver! O governador não deixa? Quer aparecer Osama? etc. Ufa! Serei justo. Ao bem da verdade teve um “amor” e um “amigo” (Dona Vilaça botou um mertiolate nos meus ferimentos). Ou seja, o que houve foi um verdadeiro linchamento virtual (fuzilamento cabe melhor né?) a uma pessoa que pode ser amiga dos fuziladores. Esta pessoa preferiu a denúncia anônima na esperança de sobreviver nesta “terra que respira política”. Querem um herói? Pra que? Para ganhar medalhas da Assembléia, das academias etc.? Detalhe: muitas destas pessoas possuem doutorado, mestrado, especialização etc. Muitas se declaram intelectuais, ecológicas, puras ideologicamente etc.
Voltemos ao principal. A denúncia foi enviada a vários jornalistas/colunistas, pois cri que elem seriam os profissionais adequados para apurá-la. Vou nominá-los: Alex Filho (TV Master), Carlos Aranha (Correio), Débora (TV Cabo Branco), Edileide Vilaça (TV Arapuan. Pessoa de bom coração, pois me chamou de amor e amigo), Edônio Alves (A União), Gilson Renato (TV Cidade), Helder Moura (Correio), Linaldo Guedes (O Norte), José Nêumanne (Grupo Estadão), Luís Torres (TV Arapuan), Ricardo Anísio (O Norte (?)), Ricardo Farias (Jornal da Paraíba) e Rúbens Nóbrega (Jornal da Paraíba). (Mil perdões se não nominei algum jornalista da lista. Mas, nominei 13). Por que será que calaram? Este assunto não interessa os jornalistas? Não dá IBOPE? Não dá tempo investigar? Ou é muito trabalho? Greve de professores e médicos, escândalo na Emlur, caso da merenda escolar, impeachment de Agra etc. Excesso de trabalho jornalístico? Entendo: não há tempo para se preocupar com matérias de cultura. Ora, se Dilma cortou 60% do orçamento do Minc e o mundo não se acabou...
A denúncia também foi enviada a “gente diferenciada” (Desculpem. Este termo da psicóloga paulista não me sai da cabeça): professor, músico, cineasta, poeta, teatrólogo etc. E, por fim, enviado a secult e ao gabinete civil do governador. Ao todo, um pequeno grupo de mais ou menos 50 notáveis. Resultado: quase ninguém discutiu o mérito da denúncia. Apenas o assessor da secult tentou provocar a discussão nos enviando um Resumo de Ações da secretaria nos (quase) cinco primeiros meses de 2011. Louvável esta atitude de não esconder as “ações” da secult. Rebati, categorizando as 12 “ações” em Ações (duas), Projetos (quatro) e Outras (seis). Tristeza: nenhuma réplica de quinta (dia 19) até hoje. Silêncio total (refrão do nosso paraibano Palhaço Xuxu. Melhor: universal Palhaço Xuxu). Façamos justiça: o senhor Hélder Moura publicou umas linhazinhas em sua coluna do dia 20/05 (para me causar inveja da minha colega do além Olga que foi bem mais agraciada na coluna do senhor Rúbens Nóbrega neste mesmo dia).
Voltemos. O que fazer então? Ora, não há o que fazer Osama. Tá tudo bem! Tudo é maravihoso! O Chico César é um cara altamente comprometido com a secult, assim como foi com a funjope. Dá o sangue. Há uma revolução socialista-cultural na Paraíba. Os artistas locais regozijam com seus fartos cachês e os músicos externos reclamam de seus míseros cachês. Há problemas demais na Paraíba pra se resolver. Saúde, educação e segurança pública são prioridades. Pra que se preocupar com cultura? Pra que Plano de Política Cultural para a Paraíba (2011-2014)? Há oficinas de formação de talentos em toda parte. Há oficinas por todo o Estado. “Vamos para de olhar para o retrovisor”. Segundo Ricardo, em sua recente campanha eleitoral, “A Paraíba tem pressa”. Não tem grana, mas tem pressa. Chico César tem grana e não tem pressa: 5 meses! Quantas ações? Cadê um rascunho de Plano? Pra que pressa? (Honestamente, a funesc é um dos poucos equipamentos estaduais que milagrosamente mantém uma programação de eventos de arte. Porém, ainda faltam: estacionamento público grátis, fim das goteiras, fim das feiras de bicho, de carros, de bugigangas, de imóveis etc. e uma agenda só pra cultura. Afinal, o Espaço é Cultural). Calma, Osama. Pra que pressa? O FIC voltará reformado e salvará a pátria. Né apoio que querem? O FIC é o apoio e ponto. O teatro paraibano tá legal: peças fantásticas em teatros confortáveis. O cinema paraibano está sendo apoiado pelo governo. Um bando de atores aparece sorrindo no guia eleitoral. A literatura, as artes plásticas, a fotografia, a dança, a cultura popular etc. idem. E a música também. Toda semana tem show musical na cidade! A OSPB tá jóia! Pela primeira vez na história o maestro é da Paraíba! Viva! Os músicos da OSPB estão felizes. Os artistas em geral estão felizes. Vamos festejar. Afinal, junho vem aí. Vamos forrofiar sem plástico! Nosso dinheirinho não vai financiar estas bandas de forró de plástico! Que secretário corajoso! Ariano disse que Chico tá certo. Ariano disse então tá dito. Viva! Vamos tomar chope e namorar (né senhor Ronaldo Monte?). A vida segue.
O cantor/compositor Francisco César passeia há 2 anos, sob as bênçãos do governo socialista, por estas bandas paraibanas, travestido de gestor cultural. Neste período o único crescimento efetivo que a cultura teve foi na quantidade de shows musicais na Capital. Principalmente em 2010 (coincidentemente ano eleitoral). O tempo voa. Que tal um gestor cultural de verdade? Alguém comprometido com a feitura e a execução de uma Política Cultural para o período de 2011 a 2014. A Paraíba tem pressa. Saibam que partir de agora que vocês passam a ser co-responsáveis pela cultura paraibana. Sabem por quê? Porque estão avisados. Depois não digam que um fantasma não lhes avisou!

Atenciosamente,
Osama (MFCC)
P.S.: gostei do P.S. de Olga e vou copiar a seguir.

P.S. de Olga: criei este e-mail recentemente, por medo da arapongagem.
  

Um comentário:

  1. não recebi nenhum convite para participar dessa lista forachico, e também não participaria, pois sou de uma época em que palavra é para ser honrada e a minha palavra é honra, embora muitos ¨novos¨agentes culturais falam ou procuram apresentar aos novos redutos atuais de cults fabricados na campanha eleitoral, uma imagem negativa do meu devido valor consciente de uma luta ativista de mais de 40 anos ,porém esses coletivos particularesnão me atingem, sou uma mulher de luta, livre e digna por natureza, não permito que confundam inclusive o gestor com o músico , sou a favor do diálogo, sou do fã clube do Chico Cesar, mas não do ¨Ave César¨ Secretário de Cultura da Paraíba, pois estou sentindo muita falta das políticas culturais e seus planos paraibanos que até agora só estão contemplando os do coletivo socialista 40.

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